Um dia para celebrar aqueles que escolheram não uma profissão, mas uma missão de vida: ajudar, acolher, apoiar e transformar a realidade do próximo. O orgulho de pertencer à classe ficou estampado no rosto dos mais de 500 defensores que marcaram presença no Encontro Anual da Defensoria Pública de 2025, nesta sexta-feira (30), no Hotel Fairmont, em Copacabana, Zona Sul do Rio.
“A gente tem um auditório cheio, em que as cadeiras não couberam, com colegas em pé lá atrás. Essa imagem vale mais do que tudo! Todos felizes, com as energias renovadas, celebrando de novo a Defensoria Pública, naquele verdadeiro espírito de quem está resgatando a altivez. E isso é muito bom, porque a nossa carreira é muito boa, ser Defensor Público é uma missão maravilhosa!”, comemorou o Defensor Público-Geral Paulo Vinícius Cozzolino Abrahão.
O Defensor Público-Geral celebrou as conquistas da Defensoria Pública, e compartilhou suas perspectivas para o futuro. 'Existem desigualdades de gênero no sistema de justiça, mas não na Defensoria Pública, onde dois terços da carreira são compostos por mulheres! Quanto à desigualdade racial, ela também existe, mas a Defensoria provavelmente é a instituição que mais tem se dedicado a combatê-la', afirmou.
O evento contou com uma presença mais que ilustre: o professor e pesquisador estadunidense Bryant Garth, coautor do livro “Acesso à Justiça”, obra que é referência entre juristas.
“Enquanto muitos países enfrentam retrocessos nas políticas de justiça social, o Brasil segue como uma referência global com seu modelo de defesa pública, que garante o acesso de todos à Justiça, especialmente dos mais vulneráveis”, afirmou Garth.
O dia foi marcado por muita emoção e lágrimas, sorrisos e reencontros. Os Defensores aposentados Humberto Peña, Marcelo Bustamante (em memória), José Carlos Tórtima, Luiz Paulo Vieira Carvalho e as defensoras Glauce Mendes Franco, Zady de Andrade Ramos e Iara Freire de Melo Barros receberam colares de mérito, honraria concedida pela Defensoria Pública, por seus anos de trabalho e por terem ajudado a instituição a crescer e a se consolidar.
O governador Cláudio Castro também esteve presente e recebeu um colar de mérito, por seu reconhecimento à importância da carreira.
“Eu acho que a missão da Defensoria é extremamente nobre, extremamente importante. E, aqui no Estado do Rio, nós já barramos algumas legislações que iam contra. Enquanto eu estiver aqui, a gente vai lutar contra qualquer advocacia suplementar do defensor. Você não resolve um problema massacrando uma categoria. Você resolve o problema valorizando essa categoria e é essa valorização que a gente espera dar”, disse o governador, sendo ovacionado pela classe.
‘A mais querida’
A programação continuou com Herman Benjamin, Presidente do Superior Tribunal de Justiça, que fez uma defesa acalorada da Defensoria Pública.
“Entre as instituições da família judicial, a Defensoria Pública é a mais querida pelo povo, porque ele se sente atendido e isso é uma riqueza para uma instituição”, disse o Presidente do STJ, que também recebeu um colar de mérito.
“Não é possível que quem defende o pobre, mas não só o pobre, o vulnerável e, sobretudo, o hipervulnerável, ganhe menos do que um juiz. Nós vivemos numa sociedade capitalista, não podemos aceitar que carreiras sejam tolhidas e desviadas por conta do aspecto salarial”, afirmou ainda.
Presidente do STF destaca atuação da Defensoria Pública do Rio de Janeiro
O dia de reflexões e encontros foi concluído com a palestra do Ministro Luís Roberto Barroso, Presidente do Supremo Tribunal Federal. Muito antes de ocupar esse cargo, Barroso já tinha uma relação especial com a Defensoria Pública.
“Antes da minha vida como advogado e depois como juiz, comecei como estagiário da Defensoria Pública. De modo que eu aprendi muito nesse início da vida, vendo a beleza do trabalho da Defensoria Pública. Acho que vem daí a minha imensa admiração pela instituição e pela característica que se exige de um Defensor Público”, disse ele.
O Presidente do STF destacou ainda o fato da Defensoria Pública do Rio de Janeiro ser um modelo a ser seguido.
“O estado do Rio de Janeiro sempre foi o paradigma das Defensorias Públicas no Brasil. Quando alguém quer avançar na Defensoria Pública em algum estado, cita o exemplo do Rio de Janeiro. A gente quer mais e melhor, e é assim mesmo que a vida funciona. Mas eu gosto de celebrar as pequenas vitórias também. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro é um orgulho para todo o Brasil”, concluiu o Ministro.