Ao longo de todo o mês de setembro, a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (ANADEP) e a Escola Nacional das Defensoras e Defensores Públicos do Brasil (ENADEP) promoveram a 2ª edição do "Curso de Formação Política, Participação Institucional e Liderança para Defensoras Públicas". A primeira edição ocorreu em 2021.
Ao todo, mais de 130 defensoras públicas participaram da atividade que teve como objetivo estimular as defensoras públicas a reconhecerem cenários de gênero e raça no âmbito do sistema de justiça, em especial, as questões relacionadas à carreira e ao desenvolvimento de estratégias para o aperfeiçoamento institucional.
Entre os temas que foram abordados, estão: violência política de gênero: enfrentando barreiras e construindo caminhos; desvendando o não-dito: barreiras simbólicas, de gênero e raça no jogo político; masculinismo e os impactos da misoginia na vida das mulheres; e Bell Hooks e a teoria feminista: por uma ética amorosa.
A doutora e mestre em sociologia Camila Galetti, que foi responsável pela coordenação do curso, pontua que o curso de formação com defensoras públicas foi fundamental para aprofundar a compreensão sobre a violência política de gênero e a importância da representatividade feminina em espaços de poder, sobretudo na Defensoria Pública. "As discussões sobre a ascensão de narrativas masculinistas e antifeministas evidenciaram os desafios contemporâneos enfrentados por mulheres em posições de liderança. Essa formação não apenas destacou a necessidade de lutar contra essas narrativas de caráter misógino, mas também enfatizou a urgência de criar um ambiente mais inclusivo e seguro para que as mulheres possam se afirmar e contribuir plenamente nas esferas políticas e sociais. Ao promover essa reflexão, o curso fortaleceu a rede de apoio entre defensoras e ampliou o compromisso coletivo em combater as desigualdades de gênero", disse.
"A presença feminina nos espaços de poder é um tema de relevo especialmente quando se trata de instituições públicas, e a Defensoria Pública, com sua missão de promover acesso à justiça e garantir direitos fundamentais, não foge desta discussão", pontua a presidenta da ANADEP, Rivana Ricarte, sobre o fomento do curso para as integrantes da carreira.
Atualmente, a diretoria da ANADEP é formada em sua maioria por mulheres. Há três anos, a Instituição possui três mulheres nos principais cargos de liderança: a presidência e duas vices presidências. Além disso, das 27 Associações Estaduais e Distrital, 13 são presididas por mulheres.
No contexto geral, a Defensoria Pública Estadual no Brasil possui cerca de 6.700 defensoras e defensores públicos na ativa nas 27 unidades, dos quais 52% são mulheres. No entanto, somente oito defensoras públicas gerais ocupam a direção das Defensorias Públicas nos estados do Acre, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí, Paraíba e Rio de Janeiro.