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02/07/2024

CE: Priscila Gomes: “Ter uma nova certidão simboliza o meu renascimento”

Fonte: ASCOM/DPECE
Estado: CE
De onde Priscila da Silva Gomes vem, o Pirambu, maior favela de Fortaleza, uma das sete maiores comunidades urbanas do Brasil, lugar sobre o qual é fácil ouvir um “vixe” quando se fala o nome, por lá, o sonho é um tanto distante da vida. Quase um luxo, tamanha a precariedade dos dias de toda a gente, mas ainda mais para pessoas como ela, que tem na própria sobrevivência a maior das necessidades.
 
Aos 26 anos, Priscila é uma travesti preta. Uma travesti preta no país que mais mata travestis. Alguém que por duas décadas viveu a vida que a sociedade lhe disse para viver. Até ter condições de fazer nascer dentro de si quem a mulher que realmente é. “Eu sempre soube que era trans. Na minha infância, eu já ficava pensando como ia ser apresentar uma namorada pra família. Porque não era aquilo que eu gostava, só que naquela época a gente não podia se expressar da forma que se expressa hoje”, lembra.
 
Apesar do forte contexto religioso, a jovem teve/tem apoio da família. O relacionamento com o território é que tem sido desafiador. “É uma luta diária. O preconceito é forte e é difícil de as pessoas entenderem que eu não quero ser estatística de violência. Ser morta é algo que me dá bastante medo e me faz abrir mão de estar em alguns lugares e de sair em determinados horários, mas eu tô lutando pra fazer a diferença”, diz.
 
Por isso é que Priscila foi em busca de ser Priscila. Não desistiu do sonho de si. Já usava esse nome como social desde que se entendeu travesti. A lei garante. Faltava mudar a certidão de nascimento, oportunidade que ela viu se concretizar com a realização da terceira edição do Transforma, o mutirão da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) para alterar o nome e o gênero de graça, sem burocracia e em um curto espaço de tempo. A entrega aconteceu no último dia 25 de junho.
 
A ansiedade era tanta que a jovem chegou à sede da DPCE, em Fortaleza, antes das seis da manhã. “Não consegui nem dormir. É um momento único. Pra mim, simboliza o meu renascimento. É algo que eu esperei muito tempo e não foi uma coisa de outro mundo, como a gente ouve os boatos. Dizem que é difícil justamente pra gente não correr atrás. Mas persisti e ainda consegui ajudar outras meninas do bairro”, recorda.
 
Com a mudança na certidão de nascimento, Priscila vai poder alterar todos os demais documentos e registros públicos que tenha. E ela já sabe até qual será o primeiro: da rede de saúde. “Eu já fui bastante rejeitada e vista com outros olhares, por causa dessa questão do nome. Agora, vou fazer questão de alterar, porque sempre foi muito constrangimento. E eu sou resultado de toda uma construção pra continuar passando por isso”, pontua.
 
Alcançado o sonho do nome próprio, ela agora quer acessar o ensino superior. Priscila deseja cursar Serviço Social. “É muito mais difícil a vida da gente em comparação com uma pessoa cis. Minha família foi incomparável, mas sei que isso não é o comum. Então, pretendo me qualificar novamente, me inserir no mercado de trabalho e ajudar as manas. No nosso círculo, de trans e travestis, todo mundo se comunica”, finaliza.
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