“Eu queria poder me livrar dele, mas não consigo porque eu não tenho onde morar”. A frase foi dita por uma das mulheres que acompanharam a roda de conversa de mulheres promovida pela Defensoria Pública do Estado do Ceará no assentamento Lagoa do Mineiro, em Itarema.
A ação aconteceu na tarde desta quarta-feira (26), na Escola de Ensino Médio do Campo Francisco Araújo Barros, e foi dividida em dois momentos. No primeiro, cerca de 50 adolescentes estudantes do Ensino Médio participaram de uma roda de conversa com as defensoras públicas Camila Vieira e Lara Teles e com a ouvidora geral e externa da Defensoria, Joyce Ramos. O diálogo destacou o impacto da cultura de paz na saúde mental e levantou como temas o bullying, saúde mental, empatia e o respeito com o próximo.
No segundo encontro, mulheres em situação de vulnerabilidade ouviram sobre os seus direitos, a Lei Maria da Penha e a assistência jurídica para quem está em situação de violência doméstica e familiar. Participaram ainda do encontro a psicóloga do Núcleo de Defesa e Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem), Úrsula Góes, a equipe da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e da Casa da Mulher Cearense de Sobral.
“Todas as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade podem e devem procurar os serviços da Defensoria Pública. E estamos aqui hoje: trazendo o projeto Amar Defensoria, que visita cidades na zona costeira do Ceará, para, além de levar orientação jurídica, ter esse momento de escuta e de participação da comunidade. Pensamos nessa roda de conversa com os jovens e com as mulheres para que todas as pessoas pudessem ficar bem à vontade”, pontuou a defensora Camila Vieira, assessora de projetos da Defensoria.
A estudante Victória Sousa, 18 anos, falou sobre o encontro. “Eu achei bastante interessante. Percebi que meus colegas prestaram bastante atenção, entendemos um pouco mais sobre os nossos direitos e acredito que nem todo mundo sabia, e agora saiu daqui sabendo que têm direitos e deveres”, destacou.
Antônio Dimas, de 17 anos, também foi um dos estudantes que participaram da roda de conversa. “A parte que me chamou mais atenção foi sobre a questão do diálogo e da escuta. A gente necessitava desse momento, como já vivenciamos em momentos anteriores. E também como educandos e cidadãos não temos só direitos, mas também temos deveres”, alertou.
Ouvindo os jovens, a ouvidora geral externa, Joyce Ramos, destacou seu início na luta por uma sociedade mais justa. “Comecei assim como vocês, estudantes, fazendo parte dos grupos escolares, das turmas de lideranças estudantis, nos movimentos sociais. E hoje é uma grata alegria voltar agora no Assentamento e ver o fruto que foi algo de tanta luta, que é essa nossa escola de Ensino Médio do Campo. Então, vocês se sintam muito orgulhosos de estarem fazendo parte dessa escola, porque aqui vocês são continuadores de uma luta que iniciou lá na década de 1970/1980, ainda com o nosso querido Francisco Araújo Barros, o qual dá, de forma muito honrosa, dá o nome a essa escola”, pontuou Joyce.
A defensora Lara Teles, assessora do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria, também acompanhou as palestras. “Alguém aqui imaginou esse momento como direito? Estamos aqui em um momento de educação em direitos, porque existe uma outra forma de acessar a cidadania e a dignidade por meio da prevenção de conflitos, buscando uma cultura de paz que promova a resolução não violenta de conflitos, o diálogo construtivo, o respeito pelos direitos humanos e a inclusão social pode criar um ambiente propício para o desenvolvimento de uma boa saúde mental”, destacou a defensora.
A programação do Amar Defensoria continua nesta quinta-feira (27), das 8h às 12h, quando a estrutura de carreta estará estacionada no centro de Itarema, na Praça Nossa Senhora de Fátima, com a equipe de defensores e colaboradores oferecendo os serviços da instituição.
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