Um mutirão promovido pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro acontece neste sábado, em Jacarepaguá, para atender a demanda de pais e responsáveis que não conseguiram vaga para matricular seus filhos em creches e pré-escolas do Rio. A ação, que reúne cerca de três mil pessoas, se deve ao aumento de casos registrados pelo órgão, que tem feito mais de 50 atendimentos por dia. Dados oficiais indicam um déficit de 35 mil vagas, apesar de decisão judicial obtida pela Defensoria Pública, em uma ação civil pública ajuizada em 2016, que determina a matrícula de todas as crianças em idade pré-escolar, além da construção de novas creches e pré-escolas a fim de sanar o déficit existente.
No mutirão, houve distribuição de senhas e 500 pessoas serão atendidas neste sábado. As demais estão sendo cadastradas pela Defensoria Pública pera serem auxiliadas posteriormente.
"Essa ação dá visibilidade a demana existente e ao descumprimento da sentença judicial que determina que todas as crianças de 0 a 6 anos sejam matriculadas em creches e pré-escolas do município. A Defensoria Pública está colhendo os pedidos individuais para serem encaminhados à Justiça", diz Fátima Saraiva, coordenadora dos núcleos de primeiro atendimento da Defensoria Pública, que completa: "Outro grande problema é a falta de transparência em relação a fila de espera por vagas, além da prefeitura não informar qual é o seu planejamento para resolver essa questão."
Alcenira dos Santos Coutinho Moraes, de 42 anos, compareceu ao mutirão para tentar conseguir uma ordem judicial para matricular suas filhas gêmeas, de um ano e nove meses, em uma creche em Vila Valqueire.
"Me disseram que tem mais de 150 crianças na fila na frente das minhas filhas. Como vou conseguir sustentá-las sem ter como trabalhar. Meu marido é porteiro, paga pensão para outros filhos, então eu preciso colocar dinheiro em casa", diz a doméstica.
Camareira em um hotel, Juaraciara Aparecida Sampaio, de 34 anos, não conseguiu uma vaga para sua filha de três anos em uma creche de Curicica.
"Pago aluguel e ainda tenho que pagar para uma pessoa tomar conta da minha filha. Fica difícil sustentar a casa. Preciso demais conseguir uma vaga para minha filha", frisa.