Governo do Paraná restringe orçamento da Defensoria, descumprindo determinação do STF
Estado: PR/DF
Em decisão liminar divulgada no último dia 16, Suprema Corte impediu Executivo de remanejar unilateralmente verbas já destinadas à Instituição.
Cerca de 38 mil cidadãos paranaenses podem ficar sem atendimento nas próximas semanas, por conta de determinação do governo do Estado que restringe o orçamento da Defensoria Pública a 30% do total previsto. Contrariando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu em liminar, concedida no dia 16 de janeiro, a manutenção do orçamento aprovado para a Instituição, a Secretaria Estadual da Fazenda publicou hoje (6) duas resoluções (25 e 26) que reduzem a verba do órgão para menos de um terço do total. De acordo com a publicação, dos R$ 140 milhões dotados para a Defensoria, serão destinados apenas R$ 43 milhões. A medida fixa ainda R$ 11 milhões para o custeio estrutural do órgão, o que pode implicar no fechamento imediato de 21 dos 22 pontos de atendimento por onde passaram 37.500 pessoas no ano passado.
Essa não é a primeira tentativa do governo de cortar o investimento na Defensoria. Para impedir a redução no orçamento já aprovado para a Instituição, a Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) teve que ingressar com a ADI 5218 no STF, com pedido de liminar, questionando a Lei Orçamentária Anual (LOA) que permitia o remanejamento unilateral, por parte do Executivo, de até 70% do orçamento anual. Ao analisar a ação, o presidente da Côrte, ministro Ricardo Lewansowski, foi enfático em sua decisão concedendo a cautelar: “A possibilidade do remanejamento de R$ 90 milhões subtrairia por demais a autonomia da Defensoria Pública, que teve a dotação de R$ 140 milhões estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).” Ainda, em seu despacho, Lewandowski completou: "(...) Isso posto, defiro em parte o pedido liminar, ad referendum do Plenário, apenas para suspender os efeitos do art. 16 da Lei 18.409/2014 do Estado do Paraná, no tocante à possibilidade de remanejamento unilateral por ato do Executivo do orçamento aprovado para a Defensoria. Comunique-se com urgência à Assembleia Legislativa e ao Governador do Estado do Paraná. Publique-se."
Para a presidente da ANADEP, Patrícia Kettermann, é lamentável o descumprimento da decisão do STF por parte do governo do Paraná. “O que gerará novas consequências jurídicas tendo em vista que a Associação Nacional comunicará à Côrte Suprema tamanho desrespeito e está ainda estudando a viabilidade de pedidos de intervenção federal”, adiantou.
A presidente da Associação Paranaense de Defensores Públicos (ADEPAR), Thaísa Oliveira, demonstrou surpresa com a medida do Executivo, que vem em total afronta à decisão do STF. “O que demonstra total descaso do governo com a Suprema Côrte. A incapacidade do governo de cumprir as obrigações com seus fornecedores está sendo transportada ilegal e arbitrariamente à Defensoria, às custas da parcela da população que mais precisa do poder público”, enfatizou.