“Trabalho como defensor público na Penitenciária Central do Estado (PCE) desde 2008 e lá nunca teve um trabalho similar a esse. Lá sempre foi tido como um lugar rigoroso, onde estão só os presos de alta periculosidade, um lugar que não tinha preocupação com ressocialização. E, sob alegação de segurança, nunca teve iniciativas assim. Por isso, a novidade é muito importante e a Defensoria Pública estimula esse olhar e continuidade do projeto”, avalia José Carlos Evangelista.
O defensor público se refere ao projeto que possibilitou, de maneira inédita, a 150 preso da PCE se formarem em cursos profissionalizantes, com alta procura no mercado de trabalho, tais como os que ensinam instalação e manutenção de ar-condicionado, instalação de placas solares, panificação, corte e costura, reciclagem de madeira, cachepô e selaria/montaria.
A cerimônia de formatura foi no início do mês, na PCE, e contou com a presença do defensor Evangelista, do promotor José Mariano de Almeida Neto, do juiz da Vara de Execução Penal e coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização (GMF), Geraldo Fidelis e do secretário-adjunto de Administração Penitenciária, Jean Gonçalves, que afirmou que esses presos formados receberam uma “chance única” para mudarem de vida.
“Esta é a oportunidade única de mudança de vida para o reeducando e para a sua família. Todos aqueles que quiserem se qualificar, vamos ofertar cursos de capacitação”, disse na ocasião.
Os formandos receberam certificados dos cursos, ministrados em parceria com o Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), empresa Quality Cursos e Centro Educacional de Beleza Brasil (CEBB).
Para a cerimônia, que foi simbólica, foram convidados 30 formandos que tiveram a oportunidade de andar no tapete vermelho, vestidos com beca e capelo (parte do traje de formatura) e de receber o canudo.
O juiz Fidelis, destacou a preocupação da direção da unidade em oferecer os trajes e a cerimônia completa de formatura, resgatando a dignidade do recuperando. “Hoje todos estão bem vestidos, como formandos realmente que são, e fico muito feliz com este avanço do Sistema Penitenciário, preocupado em transformar o futuro dos reeducandos. O conhecimento realmente liberta e estas ações fazem a diferença na transformação do reeducando em um cidadão”.
O formando, Nivaldo, agradeceu à direção da unidade pela oportunidade de qualificação e pelo empenho de todos envolvidos nos cursos. “Este momento é muito importante. Com esta qualificação, vamos encontrar as portas abertas do mercado de trabalho e vamos ter a oportunidade de esquecer o passado”.
O projeto foi elaborado e proposto pela policial penal, Jemima Camargo, que é formada em Recursos Humanos. Ela ingressou no ensino superior pela política de cotas, é militante nas causas sociais desde os 16 anos e tem uma atuação extensa na defesa de minorias, na defesa dos direitos das mulheres e da qualidade de vida dos moradores das periferias de Cuiabá.
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